Filmes favoritos em dezembro de 2023

Recentes

O Mundo Depois de Nós (2023): uma escapada do dia a dia rumo a um AirBnB no interior se torna uma experiência insólita. Estou no time das pessoas que adoraram o filme que, embora seja clichê na fotografia e até na trilha sonora, tem um roteiro excelente. 4 estrelas

Barbie (2023): abaixo o patriarcado! Barbie é mesmo tão bom quanto dizem: ótimos diálogos e momentos bem divertidos. 4 estrelas

Gato de Botas – O Último Desejo (2022): diversão garantida com o gato mais charmoso do cinema. Visual lindo, dublagens excelentes com sotaques deliciosos. 5 estrelas

Caminho da Liberdade (2010): um grupo de prisioneiros de um gulag resolve atravessar a Sibéria, a Rússia, a Mongólia etc. a pé em busca da liberdade. Bela fotografia e história suficiente para que eu me importasse com os destinos dos fugitivos. 4 estrelas

Os Indomáveis (2007): não sou muito fã de faroeste, mas esse me fisgou pelos embates verbais entre mocinho e bandido, e também pelo fato de que o mocinho não é tão mocinho, tampouco o bandido é tão bandido (não, péra, é sim, mas é um personagem bem construído). 4 estrelas

A Noiva-Cadáver (2005): um moço quer casar com uma moça, mas acaba pedindo em casamento uma cadáver. Morbidez cômica, belo visual. Virou meu filme favorito do Tim Burton. 5 estrelas

Direto do Túnel do Tempo

A Prova (1991): um cego não confia em ninguém e desenvolve um meio de testar a veracidade do que lhe dizem por meio de fotografias. O filme é um misto de tensão com momentos divertidos. Uma história incomum e muito bem contada. 5 estrelas

Batman (1989): um filme de super-herói que se sustenta pelas atuações e diálogos, não por uma sucessão de pow-soc-bam e mil efeitos visuais. 4 estrelas

The shoot horses, don’t they? (1969): achei que ia ver um filme bobo sobre uma competição de dança, terminei o filme quebrada. Terrível, recomendo. 5 estrelas

Cantando na Chuva (1952): clássico dos musicais de Hollywood. Tão clássico que eu jurava que já tinha visto. Tem os números de dança mais ecônicos do cinema e uma boa história. 5 estrelas

Onde assistir: https://www.justwatch.com

Livro: “Mariposa Vermelha”

Livro da vez: Mariposa Vermelha, de Fernanda Castro.

Amarílis tem poderes mágicos, mas vive em uma sociedade que persegue pessoas como ela, então passa a vida ocultando seus dons. Um dia, contudo, tomada de raiva após, decide invocar um demônio para ajudá-la a matar uma pessoa. Tolú é o demônio que a atende e a relação entre eles não se desenvolve exatamente como Amarílis esperava.

O livro merecia mais páginas dedicadas ao background de Amarílis (no começo mesmo, não durante a história) para justificar as suas escolhas A Flor de Lótus, grupo que aparece de forma meio súbita na história, é interessantíssima. Alguns lances poderiam ser mais desenvolvidos, como a própria Flor de Lótus e a personalidade do senhorio da protagonista. Ou seja: diferente do que acontece com tantos livros desnecessariamente prolixos, esse é mais enxuto do que precisaria ser. Algumas questões que só são abordadas na terceira parte poderiam ter surgido antes em um contexto mais natural e fundamentando melhor alguns comportamentos.

A escrita de Fernanda Castro é excelente. A autora domina o idioma (há uns deslizes de colocação pronominal que a revisão poderia ter corrigido) e evita clichês. Eu teria preferido nomes próprios mais diversos, o uso de plantas/flores me pareceu um recurso meio infantil.

Independentemente dessas questões, a história flui muito bem, diverte e prende. Não há momentos de tédio. Há um gancho para uma continuação – algo que, em geral, não me interessa, mas agrada muita gente e o mercado editorial aplaude. Apesar do gancho, o final é bastante satisfatório e o suspense criado antes dele é um ponto forte do livro.

Recomendo para quem busca bons jovens autores nacionais (algo raro) e especialmente para quem curte fantasia urbana. 4 estrelas

Filmes favoritos em novembro de 2023

Recentes

Coherence (2013): um cometa está passando perto da Terra e algumas pessoas acreditam que isso pode gerar perturbações… e pode mesmo, como descobrem amigos reunidos em um jantar. O melhor filme de ficção científica que vi no ano. 5 estrelas

Starter for 10 (2006): comédia dos anos 80 filmada nos anos 2000 (portanto, corretinha). Um jovem brilhante mas um tanto inapto socialmente ingressa na faculdade e vive loucas aventuras. Bônus: Benny Cumberbatch (além de outros futuros famosos). 4 estrelas

Direto do Túnel do Tempo

Tempo de Matar (1996): no Mississipi, um advogado em início de carreira precisa defender um negro acusado de matar dois brancos que estupraram sua filha de 10 anos. Racismo à flor da pele, do começo ao fim. Elenco brilhante. Baseado no livro de John Grisham. 4 estrelas

A Loja da Esquina (1940): dois vendedores de uma loja mal se suportam, até que… Clichê sim, mas conduzido à perfeição e com uma vibe Jane Austen. Mensagem para Você costuma ser mencionado como um remake desse filme, mas está mais para uma homenagem. 5 estrelas

Tempos Modernos (1936): daqueles filmes que a gente vê tantos trechos que acha que já viu inteiro. Além da crítica ao sistema de produção industrial, o filme tem um romance bem bonitinho acompanhado da canção “Smile”. 4 estrelas

Onde assistir: https://www.justwatch.com/

Livro: “A Casa dos Espíritos”

Livro da vez: A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende.

A Casa dos Espíritos é o primeiro livro da escritora, lançado em 1982, em plena ditadura chilena. Quem já leu Cem Anos de Solidão perceberá semelhanças, especialmente nos primeiros 20%. As semelhanças até se justificam, já que ambas obras pertencem ao realismo fantástico, mas me incomodaram um pouco. Felizmente, depois desse início a autora encontra voz própria e passa a narrar com segurança e propriedade a saga de uma família, especialmente das suas mulheres cheias de força, Clara, Blanca e Alba.

O tema político permeia toda a história, com reflexões sobre a exploração e o capitalismo (as discussões políticas não são estranhas a Cem Anos, aliás), mas é nos 25% finais que a luta de classes, as manobras políticas e a sangrenta ditadura se tornam protagonistas. O lirismo dos primeiros capítulos cede lugar a sequestros, desaparecimentos e matanças. Algumas passagens são tão fortes que se tornam difíceis de ler.

Recomendo para quem gosta de realismo mágico, de literatura feminista e/ou de história latino-americana. 4 estrelas